As atividades em Agroecologia foram planejadas para abranger os campos tecnológico, ambiental, social e cultural, para promover a redução dos impactos das externalidades do modelo de agricultura convencional sobre essas dimensões.
Objetivos gerais da Agroecologia
- Buscamos reduzir a contaminação por agrotóxicos nos alimentos, trabalhadores rurais e no meio ambiente, através da promoção de uma agricultura limpa.
- Visamos aumentar a resiliência dos cultivos e criações animais por meio da biodiversidade e ambiência como eixo central no planejamento de sistemas de produção de base agroecológica para o combate dos efeitos das alterações do clima sobre a produção agropecuária e florestal, o meio ambiente e a saúde das populações.
- Buscamos fortalecer os agricultores para se libertarem dos pacotes tecnológicos por meio da redução da dependência econômica ao incentivá-los a ingressarem em uma nova agricultura, baseada em processos e não em produtos, estimulando a adoção de sistemas de produção de base agroecológica que integrem os componentes vegetal, animal, florestal e humano na paisagem com um balanço energético mais positivo.
- A produção de alimentos em sistemas agroecológicos busca promover a soberania e segurança alimentar e nutricional, a autossuficiência da unidade familiar em recursos de produção bem como a sua viabilidade econômica por meio da aproximação de grupos de agricultores organizados e consumidores conscientes.
- Os sistemas agroecológicos de produção visam promover a restauração ecológica e a valorização das terras além de reconectar o ser humano na paisagem.
- A Agroecologia visa a inclusão de jovens agricultores, de mulheres e minorias, unidos entorno de uma rede colaborativa de assistência técnica e extensão rural (ATER) atrelada às pesquisas, compensando o déficit de ATER, combatendo o êxodo rural e promovendo a inclusão social e o ingresso desses atores no mercado de produtos agroecológicos.
Estratégias do projeto
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Para atingir os objetivos gerais deste projeto destacamos o contínuo desenvolvimento de pesquisas básicas e aplicadas em sistemas de produção agroecológica e restauração ecológica, nas dependências do Pólo Regional e nas unidades de produção distribuídas nos diversos municípios situados em diferentes compartimentos da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, que reúnem considerável contingente de agricultores familiares que atuam desde o ano de 2007 inicialmente testando genótipos de mandioca de mesa em parceria da APTA e a partir do ano de 2012 organizados entorno da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba para o desenvolvimento tecnológico de sistemas agroflorestais.
Para acelerar a geração e adaptação de tecnologias agroecológicas de maneira participativa como mecanismo de inclusão social e que possibilitem retroalimentar o projeto propomos valorizar e incorporar as experiências dos agricultores como saber científico para a construção de uma plataforma mais inclusiva de saberes agroecológicos.
Métodos
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Dentre os métodos adotados na geração participativa do conhecimento e na extensão full duplex dos saberes acumulados neste projeto, destacamos a experimentação participativa que abrange uma sequência de atividades a ocorrer de maneira simultânea, alternada ou isolada, abrangendo áreas singulares ou complexas do conhecimento, tais como o estudo da paisagem, a implantação e manejo de sistemas de produção agroecológica, o levantamento e a coleta de dados nas diversas vitrines agroecológicas instaladas na APTA e áreas rurais, bem como a avaliação rápida e prática de indicadores de sustentabilidade para o dimensionamento do impacto ambiental dos sistemas de produção possibilitando melhorar o planejamento das intervenções nos sistemas de produção e no meio ambiente.
A promoção do intercâmbio de conhecimentos entre todos os participantes dessas atividades dar-se-á de maneira direta, prioritariamente em mutirões, com destaque para atuação de facilitadores especialistas nas diversas áreas do conhecimento. Sempre que possível os resultados técnicos serão sistematizados com o apoio de relatores e veiculados no site da APTA (Pesquisa & Tecnologia) e no blog da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, promovendo dessa forma a socialização das informações. Os trabalhos de maior envergadura técnica e científica serão direcionados para publicação em periódicos indexados.
Áreas de atuação
- Sistemas de produção agroecológica: as pesquisas visam o contínuo aperfeiçoamento de sistemas agroflorestais simplificados (agricultura sintrópica) e biodiversos (regenerativos), de sistemas de plantio direto e cultivo mínimo de culturas diversas, prioritariamente em alley cropping, de inclusão e avaliação do componente herbáceo, arbustivo e arbóreo na pecuária sustentável. Merece destaque as investidas de dimensionamento da densidade e diversidade de espécies nesses sistemas, a introdução natural ou planejada para o enriquecimento bem como a poda e o desbaste supressivo de indivíduos e os efeitos que decorrem no ambiente (reciclagem de nutrientes, aporte de fitomassa, aumento da insolação e vegetação espontânea e outros). Nestes sistemas serão avaliados os componentes produtivos e propriedades organolépticas em culturas de interesse econômico, tais como mandioca, batata doce, banana e diversidade de PANC; o aporte de fitomassa e a reciclagem de nutrientes nas culturas de cobertura e adubação verde; a modelagem de carbono de cada componente do sistema por métodos diretos e indiretos; os efeitos dos sistemas no ambiente estimados com base no componente edáfico (taxa de cobertura, temperatura, umidade, densidade/resistência do solo) e fitossociológico (índices de diversidade).
- Indicadores de sustentabilidade: serão analisados como ferramenta de apoio à tomada de decisão previamente ao manejo dos sistemas de produção agroecológica. Podem abranger as dimensões solo, água, planta, radiação luminosa e ar. Dentre os quesitos quanti-qualitativos passíveis de monitoramento por método rápido e prático, se destacam: a taxa de cobertura do solo pela vegetação ou serapilheira; a quantidade de serapilheira em uma área determinada; a temperatura do solo medida com termômetro; a densidade do solo estimada através da resistência à inserção de haste metálica; a qualidade e diversidade da vegetação espontânea em uma determinada área; a quantidade de organismos da macrofauna presente sem uma amostra padrão de solo; o teor de matéria orgânica verificado pela destruição das estruturas carboxílicas de uma amostra de solo em reação com um determinado volume de água oxigenada sendo o valor da reatividade a intensidade e a duração da efervescência; qualidade da cultura âncora do sistema em termos de sanidade e vigor, dentre outros aspectos avaliados em caminhamento ao acaso e repetido até que se chegue em um equilíbrio entre a média dos valores coletados e o que de fato ocorre nas áreas experimentais e naturais geralmente tomadas como referência de equilíbrio dinâmico. Para cada quesito serão atribuídas notas em escala de 1 (um) como valor mínimo indesejável a 5 (cinco) valor máximo satisfatório. Os dados serão plotados em gráfico radial fornecendo uma imagem padronizada para o grupo avaliador que pode definir quais são os principais gargalos dos sistemas e compará-los entre si e com áreas naturais, além de subsidiar a decisão para o manejo corretivo. O levantamento dos dados será realizado de preferência com a participação de agrupamento de pessoas e um moderador que promoverá o diálogo para facilitar o entendimento dos procedimentos e a conclusão sobre cada indicador.
- Estudos específicos como a caracterização fitossociológica, análises físicas e químicas de solo e tecidos vegetais bem como estudos fitoquímicos poderão ser realizados de maneira a complementar para fornecer indicadores mais confiáveis acerca do sistema e da resposta das culturas.
- Teste de bioprodutos e novas fontes de nutrientes: são elaborados desde o ano de 2010 no Setor de Fitotecnia do Pólo Regional caldas protetivas de plantas e biofertilizantes enriquecidos com nutrientes. Os efeitos desses produtos poderão ser avaliados nas culturas a campo em termos nutricionais e fitoprotetor após bioensaios em casa de vegetação para prevenir fitotoxidez. As pesquisas sobre iscas e agentes de biocontrole serão realizadas com o devido cuidado utilizando-se equipamentos de proteção individual. Poderão ser testados os efeitos no campo de cultivo experimental a fim de comparar a eficácia no controle de fitomoléstias e para seleção de estirpes com maior virulência por agentes de pesquisa parceiros deste projeto.
Produtos gerados
- Como ganhos diretos deste projeto para o avanço tecnológico em agroecologia destacamos a determinação do comportamento de cultivares da SAA em sistemas agroecológicos.
- Resgate e a conservação da agrobiodiversidade in situ com a inserção em sistemas experimentais na APTA e posterior fornecimento de materiais promissores para avaliação comparativa em Bancos Ativos de Germoplasma (BAG), possibilitando o contínuo melhoramento genético.
- Adaptações contínuas nos sistemas de produção com base na avaliação de indicadores de sustentabilidade.