O agronegócio da citricultura brasileira se destaca como uma das mais importantes atividades do setor agrícola Os Estados de São Paulo, Sergipe e Bahia são os principais produtores de citros e o Brasil o maior exportador de sucos concentrado congelado (FCOJ) e suco não concentrado (NFC). A baixa produtividade agrícola brasileira (média de 2 caixas de 40,8 kg/planta/ano) ainda está associada à expansão simultânea de pragas e doenças, com significativo reflexo nos custos de produção, ao plantio em áreas sem irrigação e à estreita base genética da citricultura industrial.
Estima-se que mais de 80 % dos custos de produção de citros no Brasil estejam relacionados ao controle fitossanitários de pragas e doenças. Entre estas destacam-se huanglongbing (HLB), leprose, clorose variegada dos citros (CVC), pinta preta (MPC), mancha marrom de alternaria (MMA), morte súbita, cancro cítrico, gomose e tristeza. O esgotamento do modelo de convivência ou de controle químico de vetores de doenças com seus altos custos financeiros e ambientais têm destacado a importância dos trabalhos de melhoramento genético, como estratégia abrangente e duradoura de controle de doenças.
O Centro de Citricultura Sylvio Moreira do Instituto Agronômico de Campinas e a Embrapa atuam há vários anos no melhoramento dos citros, desenvolvendo trabalhos de produção e avaliação de novos materiais genéticos incorporando ferramentas de biotecnologia para acelerar ganhos genéticos. Como sede do INCT Citros, o Centro de Citricultura ampliou o banco de dados de genomas de citros, integrando melhoramento genético, genoma comparativo e funcional de citros e alguns de seus patógenos. Além de gerar o maior banco de dados de genoma de citros no mundo, esse projeto ampliou sobremaneira o número de novos híbridos de copa e porta-enxertoscitros em avaliação de campo, além de marcadores moleculares para mapeamento genético e descobriu novos genes potencialmente associados à resistência a doenças.
A presente proposta submetida ao Edital 016/2014 dos INCT representa a continuidade e expansão do programa do INCT Citros, com os principais grupos de pesquisa que trabalham com citros no Brasil, focalizando os temas relacionados ao melhoramento genético e genoma comparativo e funcional de citros e seus patógenos. Essa nova proposta do INCT Citros mantém a estrutura de três plataformas, otimizando-as e procurando integrá-las, com foco no desenvolvimento de novos conhecimentos e tecnologia ao setor citrícola.
Plataforma de genômica comparativa, com foco nos estudos de genoma comparativo de mais genótipos de citros, conclusão dos genomas de importantes patógenos, além de ampliar a base de dados sobre miRNA e processos com regulação epigénetica. O entendimento das relações citros e seus patógenos, a prospecção de genes e promotores, a diversidade genômica do grupo citros (plataforma de SNPs) e a regulação de processos genéticos, são aspectos mais relevantes nessa plataforma.
Plataforma de genômica funcional reúne projetos específicos em todos os patossistemas com objetivo de ampliar os conhecimentos potencialmente aplicáveis nas fases seguintes do programa. Todas as propostas têm focos específicos derivados dos conhecimentos gerados no INCT anterior.
Plataforma melhoramento assistido é a plataforma mais tecnológica do INCT Citros e representa a interface avançada do melhoramento na qual muitas das informações geradas previamente (marcadores, mapas, genes, promotores), assim como material genético (híbridos de cruzamento controlado e eventos de transformação genética já obtidos) estão sendo validados em condições de campo, permitindo uma razoável aproximação da estratégia de melhoramento assistido por marcadores.
O programa conta com a participação das principais equipes de pesquisadores no Brasil que atuam em pesquisa e desenvolvimento em citricultura. Vários colaboradores externos foram convidados por serem líderes em suas áreas e pela disponibilidade de receber alunos e pesquisadores em seus grupos. A sede do INCT será novamente o Centro de Citricultura Sylvio Moreira, do Instituto Agronômico de Campinas. Participam também do INCT como laboratórios associadas a Embrapa (Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas-BA e Clima Temperado, em Pelotas-RS), Universidade de São Paulo (Instituto de Química, Esalq e Cena), Universidade Estadual Paulista (Unesp, Rio Claro), Instituto Biológico, Universidade Federal do Paraná, Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus), Universidade Federal de Campina Grande, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Vitória da Conquista), Universidade Estadual de Maringá e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Como colaboradores externos incluem a Universidade da Flórida (Citurs Research and Education Center, em Lake Alfred), Universidade da Califórnia (Davis e Berkeley), John Innes Institute (Norwich, Inglaterra), Instituto Valenciano de Investigaciones Agrícolas (IVIA, Espanha), Martin-Luther-Universität Halle Wintenberg (Halle, Alemanha), US Department of Agriculture (USDA, Fort Pierce e Fort Collins), Instituto per la Protezione Sostenibile delle Plante (UOS, Bari, Itália) e University of Ghent (Bégica). Participam como colaborador empresa Citrosuco SA.