Definir e enfatizar o tipo de contribuição que cultivares híbridos de Brachiaria possam apresentar à agricultura nacional ou regional, que justifique sua inscrição no RNC
(Registro Nacional de Cultivares), através da descrição da existência de características especiais (maior produtividade, maior ganho de peso por ha acumulado por período,
maior ganho médio diário por período, maior taxa de lotação média por período, resistência a pragas, doenças ou condição ambiental adversa) comparativamente a cultivar
testemunha, em ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) segundo a Instrução Normativa No 23, de 30 de julho de 2008 (Diário Oficial da União, 2008).
Fase 1 – Avaliação com corte
O experimento será conduzido em área experimental pertencente ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Nutrição Animal e Pastagem do Instituto de Zootecnia,
localizado no município de Nova Odessa/SP, a 528 m de altitude, 22o42’ latitude Sul e 47o18’ longitude Oeste. A precipitação média anual do município é de 1270 mm,
sendo que apenas 30% ocorre no período de maio a setembro. O solo da área experimental foi classificado de acordo com EMBRAPA (1999). Será feita análise do solo da
área experimental, para descrever suas características químicas (pH, teores de matéria orgânica, hidrogênio, alumínio, fósforo, magnésio, enxofre e potássio) e físicas
(textura do solo), e realizadas as correções necessárias, que deverão ser informadas. Os dados climáticos do período experimental serão registrados no posto metereológico
do Laboratório de Forragicultura do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP.
Serão avaliados e comparados três híbridos de Brachiaria spp., em relação à Brachiaria brizantha (Hochst. Ex A. Rich) cv. Marandu, que será a cultivar testemunha. A
semeadura será feita com espaçamento de 0,4 m entre linhas.
O delineamento experimental será de blocos completos casualizados, com três repetições. A área experimental será constituída de parcelas com 24 m2 (6 x 4 m) cada,
eliminando-se 1,0 m de bordadura de cada lado. A distância entre parcelas deverá ser de 1,0 m.
O primeiro corte das gramíneas deverá ser realizado 60 a 70 dias após a emergência das plântulas. Os cortes subseqüentes serão efetuados a cada quatro semanas durante
o período de maior precipitação. No período de menor precipitação serão realizados dois cortes, um em maio e outro em agosto. Antes de cada corte serão realizadas
avaliações da altura das parcelas utilizando-se régua, em quatro pontos por parcela. Os cortes serão realizados com tesoura. A altura de corte deverá ser de 15 cm.
Na ocasião do primeiro corte dos períodos de maior e menor precipitação, deverá ser avaliada a percentagem de área coberta, através da metolodogia da reta transecta,
utilizando-se uma corda de nylon atravessando cada parcela nas duas diagonais, marcada com fita adesiva colorida a cada 0,5 m. Em cada ponto marcado na corda, será
anotada em uma planilha a presença de capim, solo nu ou planta invasora. A partir disso, a área coberta será calculada como porcentagem da área total da parcela. Essas
avaliações serão realizadas anualmente.
As amostras para determinação da massa seca total e de folhas serão obtidas através do corte da forragem (com tesoura) contida no interior de duas armações metálicas de
0,5 x 0,5 m por parcela, ao nível do solo, em pontos onde a altura do dossel seja representativa da média. Após o corte as amostras serão levadas até o laboratório e
pesadas para obtenção do peso verde, e delas será retirada uma sub-amostra, que será separada em seus componentes (lâminas foliares, colmos com bainhas das folhas,
material morto e invasoras). Todas as amostras serão colocadas em estufa a 65oC por 48 h, e então pesadas. A partir dos valores de peso seco serão calculadas a massa
seca total e de folhas, em kg ha-1 e em kg ha-1 ano-1, e a relação folha/colmo. Deve ser calculado o coeficiente de variação (CV - %) para os resultados de matéria seca total
e de folhas.
Será feita determinação da composição químico-bromatológica da matéria seca total e de folhas das mesmas amostras coletadas para avaliação da massa de forragem, duas
vezes no período de maior precipitação (novembro e fevereiro) e uma vez no período de menor precipitação (junho). Após secas em estufa, as amostras serão moídas em
moinho tipo Wiley com peneira de malha de 1 mm, identificadas e armazenadas em sacos plásticos. Serão analisadas pelo Laboratório de Nutrição Animal do Instituto de
Zootecnia de Nova Odessa para a determinação dos teores proteína bruta, fibra em detergente neutro (FDN) e digestibilidade “in vitro” da matéria seca (DIVMS).
Será avaliado o nível de infestação por cigarrinhas, através de levantamentos populacionais de ninfas, mediante a contagem de massas de espuma realizada por ocasião dos
cortes, preferencialmente por ocasião de picos populacionais, usando-se um quadrado de 0,25 m, colocado ao acaso sobre a linha em dois pontos laterais da parcela.
A avaliação de dano por cigarrinhas nas plantas deverá ser realizada por ocasião de picos populacionais de adultos baseada no aspecto geral da parcela, atribuindo-se notas:
1 – ausência de dano a dano muito leve (0 a 10% de folhas com dano); 2 – dano leve (11 a 25% de folhas com dano); 3 – dano moderado (26 a 50% de folhas com dano); 4 –
dano severo (51 a 75% de folhas com dano); e 5 – dano muito severo (76 e 100% de folhas com dano).
Também será informada a ocorrência de outras pragas, mencionando-se o agente causal, o grau de incidência ou severidade na parcela, bem como a reação aos fatores
abióticos (seca, encharcamento, baixas temperaturas ou outros fatores).
Depois de efetuadas todas as avaliações, será preenchido o formulário para inscrição de cultivares de gramíneas forrageiras: Braquiária (Brachiaria brizantha (Hochst. Ex. A.
Rich) Stapf., Brachiaria decumbens Stapf., Brachiaria ruziziensis R. Germ. & C. M. Evrard, Híbridos e Populações resultantes de cruzamentos interespecíficos no Registro
Nacional de Cultivares.
Fase 2 – Avaliação com pastejo
O experimento será conduzido em área experimental pertencente ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Nutrição Animal e Pastagem do Instituto de Zootecnia,
localizado no município de Nova Odessa/SP, a 528 m de altitude, 22o42’ latitude Sul e 47o18’ longitude Oeste. A precipitação média anual do município é de 1270 mm,
sendo que apenas 30% ocorre no período de maio a setembro. Será realizada análise do solo da área experimental, para descrever suas características químicas (pH, teores
de matéria orgânica, hidrogênio, alumínio, fósforo, magnésio, enxofre e potássio) e físicas (textura do solo), e realizadas as correções necessárias, que deverão ser
informadas.
Serão avaliados três híbridos de Brachiaria spp. em relação à Brachiaria brizantha (Hochst. Ex A. Rich) cv. Marandu, que será a cultivar testemunha.
A vegetação será dessecada com herbicida dessecante à base de glifosato na dosagem recomendada no rótulo do produto. Quando as plantas presentes na área estiverem
mortas, será feita a preparação do solo, com gradagens e aragens, e a correção de sua fertilidade, com base na análise de solo e nas indicações fornecidas no Boletim 100
(Raij et al., 1996) para Brachiaria brizantha. A semeadura será realizada utilizando-se implemento adequado.
O delineamento experimental será de blocos completos casualizados, com duas repetições e três tratamentos, correspondendo aos três cultivares de Brachiaria. A área
experimental será constituída de oito parcelas com 1,5 hectares cada. Serão constituídas duas parcelas com o capim-marandu, e duas com o cada híbrido de Brachiaria a
serem testados. O experimento terá duração de dois anos, contemplando dois períodos de maior precipitação (primavera/verão - outubro a março) e dois períodos de menor
precipitação (outono/inverno - abril a setembro). As avaliações serão iniciadas entre 40 a 60 dias após semeadura.
A partir de 40 dias após plantio, será iniciado o monitoramento das condições de altura do dossel forrageiro nas parcelas experimentais. Esse controle será realizado por
meio de medições a intervalos de 3 e 4 dias (duas vezes por semana), em 100 pontos por unidade experimental, com o uso de “sward stick”. Animais serão adicionados
quando a altura do dossel se apresentar acima do determinado para o tratamento, e retirados quando essa ficar abaixo do esperado. A altura do dossel será mantida
constante (“steady state”) em 30 cm para ambos os capins, através da manutenção dos animais traçadores e reguladores das unidades experimentais. Portanto, durante
todo o período experimental será adotada a técnica de pastejo de lotação contínua com taxa de lotação variável. Planeja-se uma variação de 15% na altura média dos
tratamentos (de 25,5 a 34,5 cm).Serão realizadas adubações de cobertura estratégicas com nitrogênio e potássio (150 kg/ha de N e 80 kg/ha de K2O, sendo 1/3 aplicados
em abril e o restante dividido em duas aplicações no período de primavera/verão), com o objetivo de propiciar produção e oferta suficientes de forragem aos animais.
Os animais serão alocados inicialmente às unidades experimentais que apresentarem condições de início de pastejo para a manutenção da altura do dossel forrageiro. As
avaliações de desempenho animal serão baseadas no ganho de peso de três animais traçadores (“testers”) em cada unidade experimental (piquete), totalizando dezoito
animais traçadores. Os animais utilizados serão machos/fêmeas em crescimento, com peso médio inicial de aproximadamente 180 kg. Esses animais servirão para as
avaliações de ganho de peso médio diário por animal. Simultaneamente, grupos de animais em crescimento serão utilizados para o ajuste das taxas de lotação. Nesse caso,
o peso e o número de animais adicionados e retirados de cada unidade experimental serão monitorados com a finalidade de se determinar a taxa de lotação (número de
unidades animais/ha), para cada capim. Nas situações onde a produção de forragem for baixa (se ocorrerem) e a altura do tratamento estiver abaixo da meta estabelecida,
os animais traçadores serão retirados dos piquetes e o número de dias de pastejo ausente registrado.
Os animais traçadores e reguladores de taxa de lotação serão pesados a cada 28 dias, após jejum de água e alimento por 14 horas. Os ajustes em taxa de lotação serão
realizados a intervalos de 2 e 4 dias (duas vezes por semana), com base no peso vivo dos animais na última pesagem realizada.
Assim, as seguintes características serão avaliadas por dois períodos de maior (primavera/verão – outubro a março) e de menor precipitação (outono/inverno – abril a
setembro):
- ganho de peso por hectare acumulado por período (kg/ha);
- ganho médio diário por período (g/animal/dia);
- taxa de lotação média por período – relação entre o número de unidades animais (UA – 1 UA = 450 kg de peso vivo) e a área da unidade de manejo por eles ocupada,
durante um período específico de tempo (unidade animal/ha);
Os níveis de infestação por cigarrinhas deverão ser monitorados quinzenalmente durante a ocorrência de infestação (período de maior precipitação). Os levantamentos
populacionais de ninfas deverão ser conduzidos por meio da contagem do número de massas de espuma utilizando-se como unidade de amostragem um quadrado de 0,50
m de lado. Em cada data deverão ser amostrados, aleatoriamente, quatro pontos no piquete. Os adultos deverão ser amostrados através de rede entomológica com 0,40 m
de diâmetro. Em cada piquete, deverão ser realizadas quatro amostragens ao acaso, sendo que em cada ponto deverão ser realizados dez lançamentos de rede. Os dados
obtidos serão apresentados em número médio de cigarrinhas adultas por dez lançamentos de rede, separados de acordo com a espécie.
A avaliação de danos por cigarrinhas nas plantas deverá ser realizada por ocasião de picos populacionais de adultos, baseada no aspecto geral do piquete, atribuindo-se as
seguintes notas: ausência de dano a dano muito leve (0 a 10% de folhas com dano) = 1; dano leve (11 a 25% de folhas com dano) = 2; dano moderado (26 a 50% de folhas
com dano) = 3; dano severo (51 a 75% de folhas com dano) = 4; dano muito severo (76 a 100% de folhas com dano) = 5.
Deverá ser informada a ocorrência de outras pragas, se e quando ocorrerem, mencionando o agente causal, o grau de incidência ou severidade nas forrageiras.
Depois de efetuadas todas as avaliações será preenchido o formulário para inscrição de cultivares de gramíneas forrageiras: Braquiária (Brachiaria brizantha (Hochst. Ex. A.
Rich) Stapf., Brachiaria decumbens Stapf., Brachiaria ruziziensis R. Germ. & C. M. Evrard, Híbridos e Populações resultantes de cruzamentos interespecíficos no Registro
Nacional de Cultivares (Diário Oficial da União, 2008 – Anexo II).